segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Metade

Vou transpor as horas na evasão de mim
Me corrou na ânsia do amanhã
Borbulho minha inconstância de ser.
Se vive, se rasteja na história, no triste fim.
Me esgoto, me esgoto sempre
Numa folha de papel amassada, cheio de rasuras, verbos insustentáveis, alimento de vermes ensandecidos.

Me esgoto do resto do esgoto
E o desejo de morte toma conta da essência.
De bom grado , despenco , sem nenhum documento
Com todos os anseios do mundo,
todos os delírios contidos na pele.

Metade, metade sempre
Metade da madrugada do relógio exigente
Que trabalha, quase sempre na perda.
Maquina mortífera chicoteando na carne,
com a fúria da evasão, do homem displicente.

Perdemos algo , deliberadamente.
Gritamos fazendo ecoar as profundas dores
É incontrolável a perda
Latência da falta do ontem de todos os tempos.
Do sabor da felicidade!
Quase sempre fico por escovar os dentes incoerentes.
Por que poucas vezes sentimos!?
E logo vem o destempero.

Metade do tempo da vida escorreu, ladeira a baixo.
Não se pode fabricar a nova hora
Me esgoto , no milímetro.
O abismo esta inserido nas horas
Borbulho minha inconstância.
Vomito do caos
Tempo você tem pressa!

O tempo é um procissão de prostitutas
Uma dosagem de prazer.
É uma velha rendeira com a amargura nas mangas bufantes.