sábado, 27 de dezembro de 2008

Lamentos e flores

As flores do teu sorriso
são como ondas, que me paralisam.
São vermelhas, amarelas , mas o teu olhar é cinza.
É evasivo e triste , ao mesmo tempo é mistério.
As árvores do teu abraço me enlaçam , mas não me confortam.
Raízes dos teus pés , sambam no meu chão, e tingem a minha paixão carmesim em desprezo cor de chumbo.

Imortalidade

Este mundo inteiro e manso eu percorrerei
Para dizer das minhas verdades nunca ditas
Mesmo que minha essência se desintegre e minha consciência padeça
Peça sobre peça , em caminhos tortos.

Poeta de poucas palavras

Se sou poeta , não sei
Sei de algo que não posso esconder
Sei que do caminho das pedras , a brisa do mar não ultrapassa meus sonhos
E quando a alma faz silêncio , o organismo borbulha substãncia.
Quando olho os traços sutis do céu
Vejo o mundo e verdades caindo em forma de chuva.

sábado, 26 de julho de 2008

O crucifíxo e a Santa Caos

Quando era menina ouvia sua mãe dizer: - " Filha , clame a Deus todos os teu medos , antes de dormir".
Os pensamentos a torturavam , procurava logo uma igreja, vinha de família erguida nas bases do catolicismo.Rubia tinha dentro de si um vendaval, tinha uma fogueira celestial.Era uma tarde, Rubia se cobria com o desejo do vento, de ser musa dos altares.A chuva brincava com o seu corpo, embebia gozo em vinho.Quando ela passava, o vento, era todo arrepio , até mesmo nas tardes de um dia.
Precisava confessar toda a sua veia impudica.Era monumental, parecia que da Vinci, tinha parte naquilo. Ela entra, se ajoelha, com suas vestes negras dialoga com Deus.
Álvaro estava lavando as mãos, era jovem, mas, discutira com varias entidades tenebrosas. Era como se pudesse com essa lavagem, acabar com a ânsia que sentia por ter desejos impuros, na condição de sacerdote.

- O que te traz a casa de Deus?
- Padre, não posso mais me conter!

Quando olhou para Rubia, com um olhar incandescente, percebeu, que não há água, por mais benta que seja, que o fizesse esquecer que também era homem.
Rubia usava um vestido negro, com um decote do tamanho do pecado humano.Álvaro poderia se perder naquele submundo branco, feito duas dunas.Era toda brasa, não podia controlar seu corpo, sentia vontade de beijar aquele crucifixo, batiza-lo com sua saliva.
Rubia, nubígena, feita do pubis de um Deus sórdido, brinquedo de Buda.Fraquejava de joelhos diante de Álvaro, subia e descia as mãos pelo próprio corpo, estava molhada da chuva, ardente como o sol, cunilíngua de Lilith.
A pegou em seus braços, fazendo com que se levantasse, sentiu o calor de um corpo, mesmo com uma proposta de escudo chamada: BATINA.Foi então dominado por um forte impulso, aquela cintura de vênus!.Não tinha mais controle de que tanto se orgulhava.


- Quero manchar a sua batina!
- Quero promiscuir com meu desejo a tua fé!
- Quero na minha boca de fogo, a tua hóstia!

Dizia em seu ouvido, sussurrando, um apelo profano transformado em voz. O furor banhava o corpo de um sacertode, de repente, segurou-a pelos cabelos, impetuosamente, desenhava curvas no pescoço de uma Madona.Despia um corpo que jamais sonhara, aos rasgões deixou uma veste de encantos, e a Madona nua.
Num gesto obsceno, erguia a batina branca com detalhes em vermelho vivo, acariciava um instrumento de fé viril. Se entrelaçavam em beijos de morte, eram um Yin e Yang.

- Bendito seja Deus, que nos uniu no amor de Cristo!

Ía deslizando pelas coxas de Álvaro, alimentando-se de rezas felinas, sentindo o frio do crucifixo sobre seus seios de fogo, entregando-se inteira a cruz de redenção de seus pecados. A boca de Álvaro devorava uma flor com a paixão de uma Grécia antiga, à luz de velas, ao suave perfume de incenso. No altar Álvaro profanava, enquanto a penetrava, cobria-a com seu sêmem de luz.
- Et entroibo ad altare dei, que fecit coelum et terram...

Rubia sentia o crucifixo dentro dentro de si, inteiro, delirava numa poesia litúrgica. As estátuas, velas, testemunhavam uma carne podre de desejo incontido, uma Santa Caos que devorava pecados. Cansados de todos os contorcionismos possíveis, cheios da dança cósmica, se olhavam com espanto e ao mesmo tempo admiração.
Rubia deu um beijo na testa de Álvaro, levantou-se com a graça de uma garça, vestiu seu vestido rasgado pelo desejo febril, ajoelhou-se diante do altar, fez o sinal da cruz. Saiu da catedral com a leveza de uma pluma. Encontrara, finalmente, a absolvição eterna. AMÉM.

sábado, 19 de julho de 2008

Internado Morto

Que vontade de esfacelar um rosto
Deslocar um maxilar
Quebrar todas as costelas
Fraturar um braço
Arranhar toda a raiva
Cuspir numa bondade branda que vem supostamente de dentro
Castigar, punir todos os sentimentos
Oferecer toda a desgraça humana
Estrangular a tradição
Berrar!
Me enterrar nesta terra que tudo leva
Me alimentar deste chão de purgatorio
Queimar as cartas, os bilhetinhos de amor.
Rebobinar o filme de Deus
Violentar um mar de esperança , falsamente aflito.
Acoitar o tempo, o engano.
Fazer música da moléstia do homem
Espancar de intensidade esse egocentrismo
Ensanguentar a tristeza, fazer dela minha vitima, minha prisioneira, na carne , na cegueira , na vileza.
Esquartejar uma vida lúgubre
Um instante perverso
Tocar esse corpo de canção
Acalentar este filho tristonho
Esta virgem pálida
Este pastor de alma paralitica

Em pedaços a carne será cortada, temperada , cozida.
NAS TREVAS DE UM FOGÃO DE LENHA APOCALÍPTICA ,
matarei esta fome de de centelha.
Este circo de corações palhaços
Este vírus barulhento da mazela do João
Que vontade de esfacelar a vida

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Folha

O céu se expande neste corpo
Nas ladeiras da dor
Galopa tristeza
Percorre horizontes,
nadando numa correnteza de cacos de vidro,
amargurada.

Descobre mundos calados,
cegos, desbotando sangue.
Galopa tristeza de ondas radioativas.
Despe este corpo de nuvens macias
Dilacera os raios do entardecer.

Magoa este peito fraco
Devora os instintos de fera
Apaga a incandescência do desejo
A febre do amanhã.

Junte os pedaços da carne,
os pecados, todos, batidos com lágrimas e gelo.
Rasteja nesta terra de bárbaros
De decretos de morte.

Galopa tristeza
Mancha essas vidas que bebem suor do Deus derrotado
Perfure essas entranhas de carne, de canela viva.
Joga com estas almas obscuras
Geme neste corpo

Galopa tristeza




segunda-feira, 9 de junho de 2008

Arte Vadia

Sou toda prosa
Sou uma proposta de resposta, para todos que me vêem,
que me buscam com algum propósito
Sou uma feira barata,mas de encantos caros
Sou fina como uma flor
Mas ao mesmo tempo,
sou um mendiga,
e com todo direito a se-lo

Sou feroz com quem não me percebe
Grata com quem me absorve
E dizem as línguas afiadas: Isto de nada serve!
Sem nem ao menos conversar comigo,
mas também tenho muito amantes
Sei de cada um o nome
É Geraldo , José, Juventina, Adamastor.
Dou amor a todos eles
Não cobro nada por isso

Já conheci a guerra, a injúria, mas já despenquei nos braços de um olhar faceiro.
Minha voz é mordaz
Do meu corpo a aurora foi feita
Eu nada peço
O que é tudo pra uma moça de fino trato.
Sou desleal com a morte
Menina com as paredes
Estou exposta
Sempre aberta, com minhas devassas pernas.
Me manifesto em um instante provocante
Acalento desejos
Sou insaciável
Sou um verso profano
Um oceano
Pacote triste de aleluia
Vou entrando, me acomodando, desejando ser única

Sou uma lacuna
Uma vacina vencida
Uma freira ardente
FASCINAÇÃO, AMOR.

Eu estou nos olhos de quem quer ver
Não uso roupa
Sou descarada
Gosto que me afaguem
Sou narcisa
Viajo pra todo canto
Sou universal
Sou matinal
Meu manto é o Carnaval
Meu desejo vendaval

ESTOU AQUI PARA SER VISTA, APRECIADA, DILACERADA, COMIDA!

Sou tão vadia
Vou pedir perdão a Deus
Sou as torres de um castelo
Um deleite insano
Um onanismo incontrolável
Sou assim como uma febre
Que dá em todos , para todos.
Sou antiga na praça da cantiga
Sou um rastro de estrelas
Sou dama única e mãe do absurdo

Açougue

Por que seca o meu peito
Por motivo simples: fraqueza.
Aqui as loucuras já não mais habitam
Resta um coração negro.
Um pedaço de carne bem desenhada
Um brinquedo vermelho sem criança
Uma peste negra.

Poderia delirar com seus batimentos
Sonhar com seus formato e tamanho
Mas me distancio de mim.
Meu coração seria então uma caixa registradora de sentimentos,bons e ruins.
Um malabarista engênuo
Um pescador sem vara
Mas me distancio dos teus músculos

Coração, o que há nesta palavra,
Uma solidão feita em pedaços?
Vou vender um coração , a preço de banana,
pra feirante nenhum botar defeito.
Então restará uma cavidade triste, sem colesterol.

Serei um corpo incompleto
serei lua sem sol
logo venderei também os outros órgãos
Venderei cada pedaço meu
Seriei presente em banco de órgãos,
ou talvez comida de abutres.

Só restaram cabelos, restos de solidão,
que será suvenir pra careca,
ingrediente de alguma macumba,
junto a uma terra fétida.

Eu já vivi
já fui corpo, luz
hoje sou cinzas
amanhã, esquecimento.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Abelha

Vou te transformar em cor
Vou te lambuzar de mel
Sou uma abelha.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Homem

Homem caminhava
O homem que amava
Que fitava os olhos sem saber
Homem que falava
Que jurava mentiras
Mas não seguia sozinho
O homem dominava
Escravizava tuas filhas,
desnorteadas.

O homem que honrava o teu sexo
O homem que não enxergava o inferno
Homem...

Homem sangrava
O homem chorava
Mas não mostrava a face
O peito do homem, cheio de mágoa.
O homem desfilava
O homem marchava
O homem nu, sem farda.
O homem que corria sem nome
O homem do homem
O homem que penetra, que treme numa noite de prazer.
Que devora, vai embora.
Homem sem endereço, sem pudor.
O que têm nos olhos de um homem?
O homem arrancou a flor, acabou com a dor.

O homem que pensava
O homem já matou
O homem não é sozinho, têm o H!

Homem retirante
Chão seco, de alma fraca.
Homem tecnológico
Homem cancerígeno.
Homem.

Homem de coração doente, sobre o peso de se doar de mais
Homem impiedoso,que engana, persuade,destroe.
Que homem é este, ele irá continuar?
Homem máquina, que não se cansa, de braços fortes.
A mágoa do homem
Homem solidão que a palidez estremece
Um homem.
A mão do homem, que pega, leva e rejeita.
Homem que todos conhecem, a estrela mais bela dos céus.
Homem
A um homem
Onde está a dor que o faz sofrer?
Palavras de um homem
Homem sonhador, que vislumbra o fim de uma guerra.
O homem do século
Quantos homens tem em uma só palavra?
Fraqueza do homem, de pernas bambas e sorriso largo.

O império do homem, que não se curva, que detêm o poder,mas que sucumbe.
O homem que sorriu um dia, que foi feliz e sonhou.
Grande homem , um líder, o pai, o filho.
Uma geração de homens
São os homens!
Seu corpo, seu medo, distância
Homem silencioso, que nasci da fúria.
O homem de cléopatra, que deitou-se com ela, descobriu uma mulher.
O homem
Sua espada tesa
Seus braços cansados.
Suas vestes em trapos, sua pobreza
Homem vil, sem carater, desprezível.
Homem.
O homem.
O homem de mil mulheres e um só coração.
Que peca com delicadeza e paixão.
Histórias Dantescas
Um homem morto, sem glória, em um campo de batalha.
Suas lembranças de guerreiro.
O homem que seduz
À este homem, um longo e imenso aplauso.
O futuro homem, novo, afectuoso , sincero.
Homem de palavra, que se agarra a ultima possibilidade.

O homem que saboreia uma vingança que humilha seus oponentes.
Doce homem, feito de corpo e alma, de intensidade, desejado e capaz.
Homem distante
Homem animal, que cerca sua presa com sutileza, marcando território.
A ele, que um dia foi " HOMEM", e que hoje só lhe restam as vísceras e os vícios,
decadente de si mesmo, cortado em pedaços e jogado às feras.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

O falóforo

Eu falo
tu fala
O falo do falóforo que fala, que medita secreção.

Vêm fecundando
Adornando
O falo vêm pulsando, da dança do falóforo antigo.
Vêm cantando, sussurrando,
desmanchando-se em gozo,
violentando as matas.

Noite do Falo
De desejo e calafrio.

O falo falante, galante.
Dotado de energia do Deus
Que exala ferômonio
Cospe um fogo eterno
O falo não dorme
É soldado
Eu falo
Sou totem
Sou destino, desatino.

Falóforo doce
Com sua túnica manchada de imenso amor
Perpetuando a volúpia.
O círculo se abre
A dança recomeça
A penetração vêm dilacerando
Dilatando os corpos
Tornando-os parte do membro maior.

Entre cantigas e gemidos de adoração, de sortilégio,
os amantes se entregam, se misturam.
Este Deus pontiagudo
Vêm crescendo dentro da flor,
abrindo seu botão, arrancando suas pétalas suavemente.
Se transformando em perfume de canela viva.

O falo se delicia na carne macia de uma dama lasciva.

Resto da minha vida

Vou procurar o infinito no fundo dos meus olhos.
A luz e a escuridão , os versos de Drummond.
O enigma que está no olhar.
Vou cobrir-me com o véu da razão
Vou sangrar a noite toda
Vou dizer adeus
Vou jurar por dias e dias, que não acredito mais.
Vou rasgar teu corpo
Violentar a tua alma
Pelo resto da minha vida
Abalar tua estrutura
Vou traduzir-me em poesia
Vou abandonar tua casa
Pelo resto da minha vida.

Nesta longa estrada, caminhei.
Não é mais a mesma,
já não têm mais perfume.
Nesta longa estrada da angústia amarela, me entrego as estrelas.
Sou invadida pelo brilho das mesmas.
Quero saber se olha pra mim.
Não quero mais caixas cheias de crenças estúpidas.
Nesta longa estrada, estou só,
com uma metade arrasada,
pelo resto da minha vida.
Eu tenho um desejo humano: Eu não quero falhar!

Vou tornar-me cinza
Meu peito secou,
Nesta estrada fria.
Tomei a doze da incompreensão
Já chorei de tristeza,
mas ainda sinto o calor de tuas mãos.
Não uso escudo
A dor também me invade,
mas a estrada é longa e os meus pés já não aguentam.
Vou te despedaçar,
porque a estrada é longa,
mas não me peça pra ficar.

O que diriam os pensadores?
Eu digo que a estrada é longa!

Vou te fazer gemer
Na dor ou no prazer
Vou te dizer palavras
Vou sujar o teu rosto
Molhar o teu corpo
A luz e a escuridão, da estrada velha.
Vou dovorar-te
Estou com fome
Vou buscar nesta carne os mil pecados,
pelo resto da minha vida.

Ama-Zona

A amazona, ama-zona
Zona-ama, zoneando
Ama-zona, amazona.
Na zona vou te buscar,
Amor te oferecerei, na zona da amazona.
Ô zona que ama, ama-zona.
Zona rica, fértil, amor de zona

terça-feira, 29 de abril de 2008

Morte Vermelha

Eu já matei
Matei um filho
Com todo o meu desespero.
O matei de falta de amor
O transformei um pó, pó de sangue,
um sangue assim sinistro.
Eu já matei
Mas também morri de medo deste filho meu.

Não senti saudade
Contrações de morte
Apelo infantil
Que bom é não ter entranhas,
erva morta, fel de orvalho.
Eu já matei
Matei teu sonho
Matei minha alegria
Fiz viver minha tristeza.

Vá embora semente!
Pingue suas gotas malditas sobre mim,
mas vá embora.
Por que eu já matei.
Tenho ensaiado tua morte.
Deixei até cartas.

Não te dei meu mundo interno
Nem minhas pernas
Meu alimento esqueça!
Por que de morte vai morrer,
então não vou chorar, canção de ninar.
Vou te ninar em meus braços,
na hora da tua despedida.
Por que tu, quis brotar de mim,
enfim,
vai morrer em mim.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

O Valor - poema feito de perguntas

O que vale o corpo
O que vale a alma
O bater do coração
A fonte das lágrimas?
De que vale o céu
Quanto custo um Deus
E sua coroa de espinhos?
Quanto vale os teu gemidos
O desatino do teu corpo
A união dos sexos?
De que vale a coragem de um homem
Quanto vale a arte,do amor,da guerra?

E a lobotomia?

Qual é o seu valor?
Quanto custa chorar sozinho?
Tudo tem um preço e seu valor.
Quanto pesa a cruz de jesus?
Quanto vale o pão de judas?
Quanto esta custando a honra?

Que seja por amor,na arte ou na guerra.
Mas não bata no coração,
Talvez se pudesse arranca-lo,doeria menos.
Que seja nos sonhos
Nas noites mau dormidas
Que me abandone o cansaço
Que seja na morte ou na vida os melhores gestos.

Não quero a tua companhia
Não quero uma coroa de espinhos
Não tenho síndrome de jesus.

Abandono...

E essa vertigem malvada que cega meus olhos
Que faz sentir frio a minha pele
Não quero ver a luz do dia
Quero sentir o seu corpo pesando sobre o meu,teu gemidos,tuas palavras.

Qual o seu medo?
Qual o menor preço da solidão?
Pra que tanta educação?
Quanto vale o seu pulmão?
Quanto custa uma separação?
Quanto custa o milagre da salvação?
E a dignidade que não vale mais nada.
Quanto custa um orgasmo,vem em grama?
Duzentos euros por um pensamento vil!

Quanto vale o teu amor
O desespero cardiovascular?
Quanto custa a bancarrota?
Quanto custa um crença politeísta?
O mais caro dos amores
O que não se sente?

Quanto vale o destino de Ares?
Quanto custa uma vida de calvário?^
Quanto vale as chagas de Cristo?
E o soluço da morte?
Quanto pagaria pela vida eterna?
O que não vale absolutamente nada?
Me perco a cada pergunta.
Mas, quanto pagaria por um mundo melhor?

Quanto pagaria para ver teu rosto novamente!
Uma sobremesa gelada
O que faria se a morte não mais existisse?
O que faria Maria, o que faria?





terça-feira, 22 de abril de 2008

Filme

Vou prostituir minha alma
O meu seio
Dilatar as minhas entranhas
Vou beber em uma paris inconsciente
Festejar a morte da morte
Andar nua nas calçadas
Cortar meus pés
Mas não encontro.

Eu tenho um câncer bucólico
Que vem da palavra
Senti o tempo passar
Hoje eu tenho um encontro
Com um grito dentro de mim,
Muito sangue derramado.
Foi profundo,
Mas já acabou.

A Fera

O ciúme é uma vaidade de chicote
Não compartilho deste
Mas acertei o seio de uma deusa com um amor profano
Zoneei uma amazona
Perplexa de fuligem ardente
Estrangulei um pescoço doce
Delinquente de sobrenome Aurora
Estrela passiva na solidão de Deus
Alcancei tua flor magestósa
A tua vil cólera
Na angústia básiei meus dias
Me debrucei sobre um noite com o pretexto de te alcançar
Mas queria mesmo era devorar teus encantos

A solidão é pássaro sem asas
Mas serei ícaro talvez
Comerei desta ambrosia feroz
E do teu gozo farei água
Que há de matar a cede até dos mais puros
Num imenso sepulcro, a noite te trarei
Mas o ciúme é vaidade de chicote,
Medusa impetuosa
Que deixa marca
Pra depois se aprofundar em mim
Fará de mim violeta
Num campo de batalha sem vencedor
Uma overdose de pecado
Uma transa de palavras
A morte de uma fera sem dor

Sem Nome

Eu sou um mundo pequeno
Sou um mudo
Medo surdo
E sou um mundo grande feito de grades
Sou um tiro no escuro
Eu sou um mundo vasto
Eu sou fantástico
Um gelo em tuas coxas
Eu sou a misericórdia da rua
Um poliglota louco
Um artista rouco
Eu sou um amigo ferido
Eu sou um bandido
Sou todas as cores
Sou as dores
Sou um parto eletrico
Um feto do Diabo
Eu sou fantástico
Um boneco de pano
Discípulo do cangaço
Eu sou o cansaço
Sou um nervo de aço
Sou o teu braço
Sou o teu terço
Eu sou um mundo vagabundo
Sou o resto
Sou indigesto
Um padre incrédulo
Sou a história
Feita de glória
Sou o ego de César
Sou a festa do umbigo
Eu sou o mundo , imundo
Meu nome é Raimundo
Nasci no viaduto
Mas posso ser substituto
Eu sou você!
Sou teu sangue
A ferida podre
Um chiclete amassado
Eu sou o passado.