segunda-feira, 9 de junho de 2008

Açougue

Por que seca o meu peito
Por motivo simples: fraqueza.
Aqui as loucuras já não mais habitam
Resta um coração negro.
Um pedaço de carne bem desenhada
Um brinquedo vermelho sem criança
Uma peste negra.

Poderia delirar com seus batimentos
Sonhar com seus formato e tamanho
Mas me distancio de mim.
Meu coração seria então uma caixa registradora de sentimentos,bons e ruins.
Um malabarista engênuo
Um pescador sem vara
Mas me distancio dos teus músculos

Coração, o que há nesta palavra,
Uma solidão feita em pedaços?
Vou vender um coração , a preço de banana,
pra feirante nenhum botar defeito.
Então restará uma cavidade triste, sem colesterol.

Serei um corpo incompleto
serei lua sem sol
logo venderei também os outros órgãos
Venderei cada pedaço meu
Seriei presente em banco de órgãos,
ou talvez comida de abutres.

Só restaram cabelos, restos de solidão,
que será suvenir pra careca,
ingrediente de alguma macumba,
junto a uma terra fétida.

Eu já vivi
já fui corpo, luz
hoje sou cinzas
amanhã, esquecimento.

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