terça-feira, 20 de novembro de 2012

Sem nome  hoje


Eterno é um
Conto bem contado
De servidão
Dos tempos

Fico quase sempre
A traduzir o que não se pode
Ouvir o que é inaudível
E disserto minhas convicções
Para um não-auto-engano

Quero dias nublados
Não a distancia
Da voz presente
Não o sim
Que se converte em dor
Entendida, sentida e não expurgada
E como são fortes
Os que mentem para si
Para o outro de si
A noite acabou
O sonho acabou
Por começar

Não saber
Não sentir
Não ver
Apenas dormir
O sono que se quer
Para que
Se fico quase sempre
Dentro de um imenso
Lúdico Freudiano
Eterno é um
Conto bem contado
De servidão
Dos tempos

Se quiras ser
Então seja
Para além da distância
Como é voraz o tempo
E a não crença
No outro é extensão
De um coração
Que não giras a entreter a razão
Em Pessoa é mais bonito
Deveras.

Ouço-te
Já faz tanto tempo
E as águas correm lúcidas
Querendo levar-me
Um dia deixo me ir
Adoro como se desenrola
Dos atos
Grande cirurgião

A moça não está mais lá
Está no conto
A furar as páginas
Chove muito
Está escuro
E a comunicação
É irrelevante
Tecnologia serve à distância
A distância do objeto
Para entende-lo
E recusar-lhe
A fala é limitante
Pois se diz muitas
Coisas que não as importantes
As reais
Moça é só mais um olhar!
É algo perdido no tempo
Mais vazio
Mais
Fala de menos

Seus sapatos
Estão gastos
Por muitos caminhos percorridos
As vezes mansos
Não quero quer-te bem
Tão logo se acaba o ano
Sem nenhuma profecia Maia
Sem amor
E vai para as águas turvas de mim
Todo escritor é cruel
Serve bem ao drama
Para que saia do papel

No conto
A furar as páginas
Deixo-te ir.

sábado, 3 de novembro de 2012


Que habitas



O pensar

Se contradiz

Diante do olhar

Do desejo

E contradizer-se

É dizer tudo

Na própria confusão



A confusão

Era tudo que tinha

Do quarto avistava-se

O mar vermelho

E as palavras

E ações entre ele,

Nele perdidas

Numa espiral de sensações



O mar

Os largos sorrisos

O réptil que habitas

É tua pele em devaneio

As escamas são a recusa

Trocas de pele e joga ao mar

O pior de ti



A água salgada

Que escorre entre as noites

Percorre lancinante tuas coxas

Assim se esvai

Para o pensar

Ali no mar

Distante da ação humana

Resiste o absolutismo

DE tua vontade

Augustos, Césares, Dantes

Era tudo o que tinha

Atiras ao mar

O espanto de todos

Discorre sobre a palavra

Servil de todos os ontens



Não te dou alento

Perfume de arlequim e concubina

Te trago a água salgada

De mar revolto

Para espanto de muitos

Na ancora de anjos

E espadas de São Jorge

Te escondo

Da solidão

Da dor

Para que não seja mar

Quando abrirem as cortinas.



Trocas de pele

E jogas ao mar o pior de ti

Ao vermelho

Mar de palavras

Tem pequenos rios que

Explodem vertiginosamente

É tudo o que tenho

Que escorre entre

As noites grossa e quentes



O réptil

Escapa à mansidão

Está envolto em lama e perdão

É silêncio

Seu corpo é inteiro verde

Só pode , poder.

Vejo-o dilacerar-me

Respira com força

E assim lance-me

Ao mar de solidão



Vejo as estações

Estações são meses

De sede e frio

Entre as coxas molhadas

É tua pele em devaneio

O réptil que habitas

O pior de ti

Te dou alento água e sal

É tudo o que tenho

Que vem da lama

Sibilante e verde

Entre os peitos nus

Trocas de pele e joga ao mar o pior de mim