quarta-feira, 30 de abril de 2008

O falóforo

Eu falo
tu fala
O falo do falóforo que fala, que medita secreção.

Vêm fecundando
Adornando
O falo vêm pulsando, da dança do falóforo antigo.
Vêm cantando, sussurrando,
desmanchando-se em gozo,
violentando as matas.

Noite do Falo
De desejo e calafrio.

O falo falante, galante.
Dotado de energia do Deus
Que exala ferômonio
Cospe um fogo eterno
O falo não dorme
É soldado
Eu falo
Sou totem
Sou destino, desatino.

Falóforo doce
Com sua túnica manchada de imenso amor
Perpetuando a volúpia.
O círculo se abre
A dança recomeça
A penetração vêm dilacerando
Dilatando os corpos
Tornando-os parte do membro maior.

Entre cantigas e gemidos de adoração, de sortilégio,
os amantes se entregam, se misturam.
Este Deus pontiagudo
Vêm crescendo dentro da flor,
abrindo seu botão, arrancando suas pétalas suavemente.
Se transformando em perfume de canela viva.

O falo se delicia na carne macia de uma dama lasciva.

Resto da minha vida

Vou procurar o infinito no fundo dos meus olhos.
A luz e a escuridão , os versos de Drummond.
O enigma que está no olhar.
Vou cobrir-me com o véu da razão
Vou sangrar a noite toda
Vou dizer adeus
Vou jurar por dias e dias, que não acredito mais.
Vou rasgar teu corpo
Violentar a tua alma
Pelo resto da minha vida
Abalar tua estrutura
Vou traduzir-me em poesia
Vou abandonar tua casa
Pelo resto da minha vida.

Nesta longa estrada, caminhei.
Não é mais a mesma,
já não têm mais perfume.
Nesta longa estrada da angústia amarela, me entrego as estrelas.
Sou invadida pelo brilho das mesmas.
Quero saber se olha pra mim.
Não quero mais caixas cheias de crenças estúpidas.
Nesta longa estrada, estou só,
com uma metade arrasada,
pelo resto da minha vida.
Eu tenho um desejo humano: Eu não quero falhar!

Vou tornar-me cinza
Meu peito secou,
Nesta estrada fria.
Tomei a doze da incompreensão
Já chorei de tristeza,
mas ainda sinto o calor de tuas mãos.
Não uso escudo
A dor também me invade,
mas a estrada é longa e os meus pés já não aguentam.
Vou te despedaçar,
porque a estrada é longa,
mas não me peça pra ficar.

O que diriam os pensadores?
Eu digo que a estrada é longa!

Vou te fazer gemer
Na dor ou no prazer
Vou te dizer palavras
Vou sujar o teu rosto
Molhar o teu corpo
A luz e a escuridão, da estrada velha.
Vou dovorar-te
Estou com fome
Vou buscar nesta carne os mil pecados,
pelo resto da minha vida.

Ama-Zona

A amazona, ama-zona
Zona-ama, zoneando
Ama-zona, amazona.
Na zona vou te buscar,
Amor te oferecerei, na zona da amazona.
Ô zona que ama, ama-zona.
Zona rica, fértil, amor de zona

terça-feira, 29 de abril de 2008

Morte Vermelha

Eu já matei
Matei um filho
Com todo o meu desespero.
O matei de falta de amor
O transformei um pó, pó de sangue,
um sangue assim sinistro.
Eu já matei
Mas também morri de medo deste filho meu.

Não senti saudade
Contrações de morte
Apelo infantil
Que bom é não ter entranhas,
erva morta, fel de orvalho.
Eu já matei
Matei teu sonho
Matei minha alegria
Fiz viver minha tristeza.

Vá embora semente!
Pingue suas gotas malditas sobre mim,
mas vá embora.
Por que eu já matei.
Tenho ensaiado tua morte.
Deixei até cartas.

Não te dei meu mundo interno
Nem minhas pernas
Meu alimento esqueça!
Por que de morte vai morrer,
então não vou chorar, canção de ninar.
Vou te ninar em meus braços,
na hora da tua despedida.
Por que tu, quis brotar de mim,
enfim,
vai morrer em mim.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

O Valor - poema feito de perguntas

O que vale o corpo
O que vale a alma
O bater do coração
A fonte das lágrimas?
De que vale o céu
Quanto custo um Deus
E sua coroa de espinhos?
Quanto vale os teu gemidos
O desatino do teu corpo
A união dos sexos?
De que vale a coragem de um homem
Quanto vale a arte,do amor,da guerra?

E a lobotomia?

Qual é o seu valor?
Quanto custa chorar sozinho?
Tudo tem um preço e seu valor.
Quanto pesa a cruz de jesus?
Quanto vale o pão de judas?
Quanto esta custando a honra?

Que seja por amor,na arte ou na guerra.
Mas não bata no coração,
Talvez se pudesse arranca-lo,doeria menos.
Que seja nos sonhos
Nas noites mau dormidas
Que me abandone o cansaço
Que seja na morte ou na vida os melhores gestos.

Não quero a tua companhia
Não quero uma coroa de espinhos
Não tenho síndrome de jesus.

Abandono...

E essa vertigem malvada que cega meus olhos
Que faz sentir frio a minha pele
Não quero ver a luz do dia
Quero sentir o seu corpo pesando sobre o meu,teu gemidos,tuas palavras.

Qual o seu medo?
Qual o menor preço da solidão?
Pra que tanta educação?
Quanto vale o seu pulmão?
Quanto custa uma separação?
Quanto custa o milagre da salvação?
E a dignidade que não vale mais nada.
Quanto custa um orgasmo,vem em grama?
Duzentos euros por um pensamento vil!

Quanto vale o teu amor
O desespero cardiovascular?
Quanto custa a bancarrota?
Quanto custa um crença politeísta?
O mais caro dos amores
O que não se sente?

Quanto vale o destino de Ares?
Quanto custa uma vida de calvário?^
Quanto vale as chagas de Cristo?
E o soluço da morte?
Quanto pagaria pela vida eterna?
O que não vale absolutamente nada?
Me perco a cada pergunta.
Mas, quanto pagaria por um mundo melhor?

Quanto pagaria para ver teu rosto novamente!
Uma sobremesa gelada
O que faria se a morte não mais existisse?
O que faria Maria, o que faria?





terça-feira, 22 de abril de 2008

Filme

Vou prostituir minha alma
O meu seio
Dilatar as minhas entranhas
Vou beber em uma paris inconsciente
Festejar a morte da morte
Andar nua nas calçadas
Cortar meus pés
Mas não encontro.

Eu tenho um câncer bucólico
Que vem da palavra
Senti o tempo passar
Hoje eu tenho um encontro
Com um grito dentro de mim,
Muito sangue derramado.
Foi profundo,
Mas já acabou.

A Fera

O ciúme é uma vaidade de chicote
Não compartilho deste
Mas acertei o seio de uma deusa com um amor profano
Zoneei uma amazona
Perplexa de fuligem ardente
Estrangulei um pescoço doce
Delinquente de sobrenome Aurora
Estrela passiva na solidão de Deus
Alcancei tua flor magestósa
A tua vil cólera
Na angústia básiei meus dias
Me debrucei sobre um noite com o pretexto de te alcançar
Mas queria mesmo era devorar teus encantos

A solidão é pássaro sem asas
Mas serei ícaro talvez
Comerei desta ambrosia feroz
E do teu gozo farei água
Que há de matar a cede até dos mais puros
Num imenso sepulcro, a noite te trarei
Mas o ciúme é vaidade de chicote,
Medusa impetuosa
Que deixa marca
Pra depois se aprofundar em mim
Fará de mim violeta
Num campo de batalha sem vencedor
Uma overdose de pecado
Uma transa de palavras
A morte de uma fera sem dor

Sem Nome

Eu sou um mundo pequeno
Sou um mudo
Medo surdo
E sou um mundo grande feito de grades
Sou um tiro no escuro
Eu sou um mundo vasto
Eu sou fantástico
Um gelo em tuas coxas
Eu sou a misericórdia da rua
Um poliglota louco
Um artista rouco
Eu sou um amigo ferido
Eu sou um bandido
Sou todas as cores
Sou as dores
Sou um parto eletrico
Um feto do Diabo
Eu sou fantástico
Um boneco de pano
Discípulo do cangaço
Eu sou o cansaço
Sou um nervo de aço
Sou o teu braço
Sou o teu terço
Eu sou um mundo vagabundo
Sou o resto
Sou indigesto
Um padre incrédulo
Sou a história
Feita de glória
Sou o ego de César
Sou a festa do umbigo
Eu sou o mundo , imundo
Meu nome é Raimundo
Nasci no viaduto
Mas posso ser substituto
Eu sou você!
Sou teu sangue
A ferida podre
Um chiclete amassado
Eu sou o passado.