quinta-feira, 17 de julho de 2008

Folha

O céu se expande neste corpo
Nas ladeiras da dor
Galopa tristeza
Percorre horizontes,
nadando numa correnteza de cacos de vidro,
amargurada.

Descobre mundos calados,
cegos, desbotando sangue.
Galopa tristeza de ondas radioativas.
Despe este corpo de nuvens macias
Dilacera os raios do entardecer.

Magoa este peito fraco
Devora os instintos de fera
Apaga a incandescência do desejo
A febre do amanhã.

Junte os pedaços da carne,
os pecados, todos, batidos com lágrimas e gelo.
Rasteja nesta terra de bárbaros
De decretos de morte.

Galopa tristeza
Mancha essas vidas que bebem suor do Deus derrotado
Perfure essas entranhas de carne, de canela viva.
Joga com estas almas obscuras
Geme neste corpo

Galopa tristeza




Um comentário:

Karlus disse...

Ótimo, verdadeiramente belo, as imagens sao bem expressas e construídas, até surrealista às vezes. gostei dos extremos também, ora apocalíptico, ora leve. E nós seguimos em frente, Galopa Tristeza, mancha essas vidas que bebem suor de um Deus derrotado.