sábado, 19 de julho de 2008

Internado Morto

Que vontade de esfacelar um rosto
Deslocar um maxilar
Quebrar todas as costelas
Fraturar um braço
Arranhar toda a raiva
Cuspir numa bondade branda que vem supostamente de dentro
Castigar, punir todos os sentimentos
Oferecer toda a desgraça humana
Estrangular a tradição
Berrar!
Me enterrar nesta terra que tudo leva
Me alimentar deste chão de purgatorio
Queimar as cartas, os bilhetinhos de amor.
Rebobinar o filme de Deus
Violentar um mar de esperança , falsamente aflito.
Acoitar o tempo, o engano.
Fazer música da moléstia do homem
Espancar de intensidade esse egocentrismo
Ensanguentar a tristeza, fazer dela minha vitima, minha prisioneira, na carne , na cegueira , na vileza.
Esquartejar uma vida lúgubre
Um instante perverso
Tocar esse corpo de canção
Acalentar este filho tristonho
Esta virgem pálida
Este pastor de alma paralitica

Em pedaços a carne será cortada, temperada , cozida.
NAS TREVAS DE UM FOGÃO DE LENHA APOCALÍPTICA ,
matarei esta fome de de centelha.
Este circo de corações palhaços
Este vírus barulhento da mazela do João
Que vontade de esfacelar a vida

4 comentários:

Vanessa Ventura disse...

Forte, me lembrou bastante Augusto dos Anjos!

Delírios da madrugada. disse...

Pura melancolia liberta do pecado.
Parabéns.

Anônimo disse...

caraaaamba! que que issoooo. Putz, muito bom mesmo.

Uilsgirl disse...

melhor depois de ler tudo é voltar ao título.