sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Dezembro

Cortou-me com o silêncio
Fez festa com a novidade não contada
Cá estou a escrever na cama de todos os meus sonhos
Vestida de questões
Querendo a interrupção
O tilintar telefónico do olá
Tateando as incertezas
Caindo de madura
Ontem passado saboroso
Enclausurado no avesso de mim.
Estão fabricando gente
Estão pintando as calçadas de amanhã
Estamos a viver.

Cortou-me com o silêncio
Outra vez recusou-se
Empalideci
Ondas enormes de tristeza degustaram-se de mim.
O que penso eu do desdobrar dos acontecimentos
Quanto tempo se passou para que fosse preto o céu
Quanto tempo o tempo se deslocou de minhas mãos
Saberemos todos do fim do nós mesmos?.

Quantas voses
Relembrei de outros olhares direcionados a mim
Estou no encalço de um por-de-sol
Que não dá o ar da graça
Ele espera o fim do mundo
O dia em que todos os olhos se fecharem
E os lábios não mais murmurarem
A doçura da aurora
Feita em mulher.

Não cantaremos mais a união
Estamos vigilantes do vazio
Tudo está amargo
Insosso, pavorosamente pálido.

Cortou-me novamente
Com o despertar da ausência
A injúria da saudade
Lançou-me para o inferno da falta de ti
Tragou-me
Queimou-se com a brasa.
Hoje sou um grande campo verde-oliva
Sabe-se lá até quando
Quando...
Cortou-me com o silêncio
Cerrei os meus olhos.

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