segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Vestido Azul

Me visto da poesia
Dos corpos de outrora
De todas as lembranças
De esperança.


Esta roupa não me cabe
A vastidão do tecido
É incompátivel com a pele inserida
Pele precária que a dor derreteu.
Este vestido é azul
Um azul assim escandaloso
Encobre a alma, travestida
A alma pálida, sôfrega.
O azul do céu trás calma
Não a vejo em meu corpo
O corpo que o vestido engoliu
Mascarou , coagiu.


Me despi de mim
De minha alma
Transbordei-me em não querer
Na rejeição dos pelos dos braços quentes.
O vestido retorna ao guarda-roupa
Velho cumplíce de todas as horas loucas
De encontros marcados.
Ficou preso no abismo do esquecimento
De madeira preta.
Meu corpo o rejeitou
Descartou-o
Como ficará esta veste triste
Os tecidos são o fiar do comportamento
Escondem o que deve ficar escondido
É a ordem, o progresso , a ausência do beijo.
Os tecidos lutam para nos cobrir
As veses nos confortam
Também escondem o que queremos ter em mãos
Escondem os gestos do vai e do vem.
Queimarei-o
PANO DESGRAÇADO QUE ME VESTIRAM
Não me cabe
Que culpa tenho do desvio
Sou desvio de conduta.


Não faço biscoitos para o jantar
Não esquento a barriga no fogão matrimonial
Prefiro ser o que eu sentir vontade
Ser o desejo
O meu , o do outro.
Serei as pernas cansadas
Prefiro ser as estrelas
Prefiro até o surto
A ser simplesmente um número

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