terça-feira, 10 de abril de 2012

O livro do amanhã

O ser acaba
A ideia do outro
se desmancha frente a análise dos acontecimentos.
O ser se desprende
O perfeito morre,
morre também o paradigma que aprisiona

Ficamos comas nossas visões , reações expressões
Com a falta da reciprocidade
Olhamos o outro a partir de nós mesmos
O sentir que vem do outro não é minha responsabilidade.
O respeito é pele
Roupa concreta
Sensatez
É o horizonte sensível

Tirem-me daqui a somatização
Palavras egolatras e indigestas!
Tire os teus olhos de mim
Afaste o corpo para longe do esquecer
Não terás o licor da manhã.

O ser se da como outro
Onde esta o outro
Esta nos recados
nas catracas
nos edifícios
O outro esta onde há a minha ausência
Na falta.

Esta manha o céu esta cinza
Não nos damos paz
Não conseguimos ficar a sós
Estamos em tempos de ruptura
De desencontros
furtivos

Eu sou
Tu és
Nos somos

Ai vem a santíssima trindade das relações
Vem entorpecida
Distorcida.

O ser acaba
Fico a imaginar
Tudo feito em ossos
Sem a carne
O que somos, ideias...
Somos efémeros
Menos que a terra
E podem dizer da minha frieza
Da visão amarga negativa
Pouco cristã talvez.

Perguntaria a Deus
Se eu o visse, quanto tempo mais iria me dar para que não fosse eu apenas ossos.
Deus silencia!
Mas aproximo-me
Meu grande travesseiro
São curtas as palavras e extensas as duvidas

Dar-me -ei o conforto!
Sou a construção
A mudança fatídica
Transformação honesta em espera de mim
Dantescos braços
Jaz o cansaço da palavra
Do seio
És o repelir
O não querer
Pois então que permito
Ser e ser e ser
E permito que sejam, sejam e sejam o quanto quiserem!

Esta escuro
No beco
Não tem rádio
Não tem mãos
Apenas o deserto de mim
Contínuas veses
Então vá ser o que queira
Abandona-me inquietude
Quero um verso
Um abraço de Drummond
E o cheiro de um menino
Generoso do quarteirão da felicidade
Que vive
Viveu no passado
E desencontro
Queiras!
Presenteio-me com canções femininas
E debruço-me na lembrança dum por-de-sol ténue
Agradeço pelo sorriso de outrora.





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